DIA 220: As relações que criamos com o mundo à nossa volta
No fundo, em
honestidade própria, cada um de nós sabe aquilo que fez e aquilo que não fez
para que algo corresse de determinada maneira. Embora eu até há alguns anos
atribuísse grande parte das minhas experiências à invisível mão e vontade de
Deus, mesmo nessa altura eu conseguia ver o que é que eu andava a criar na
minha mente secreta, como se escrevesse um guião de possibilidades e, quando
estas se realizavam, eu fazia duas coisas: ou culpava-me (caso o evento fosse
negativo), ou glorificava Deus pela ajuda (caso fosse um evento positivo).
Agora pergunto-me: o que é que esta relação de polaridade me diz sobre aquilo
que eu tenho aceite e permitido em mim própria? Porque é que eu não confio
naquilo que eu decido fazer e naquilo que eu não decido fazer? Apercebo-me que
a culpa contra os outros surge quando não confio plenamente em mim, e ao não
confiar em mim estou a desrespeitar-me como Vida que sou. Ao mesmo tempo, vejo
que a procura de justificações é uma continuação da projeção da culpa, quando
afinal tem tudo a ver com a relação que eu estabeleço primeiramente comigo e
depois com as coisas à minha volta.
Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido distrair-me com as emoções que eu própria criei
ao aceitar e permitir determinadas relações em mim, tais como a relação de
submissão, de sacrifício e de culpa e de vítima.
Eu perdoo-me
por não me ter aceite e permitido ver que as emoções são os laços que me
prendem ao passado e que com isso eu não me permito ver a minha realidade em
honestidade própria e perceber aquilo que eu estou a criar dentro de mim
própria.
Eu perdoo-me
por não me ter aceite e permitido parar a mente, abrandar e dar-me tempo para
me conhecer, para perceber como é que a minha mente funciona, perceber as
relações que eu criei comigo própria e depois com os outros.
Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido criar uma relação de sabotagem comigo própria, em
que nos meus pensamentos saboto as minhas própria ações e acabo por criar uma
realidade contra a minha própria estabilidade, visto que na minha mente criei
já a imagem de instabilidade/desigualdade e aceitei como esta sendo real.
Eu perdoo-me
por não me ter aceite e permitido confiar em mim própria incondicionalmente e
por isso garantir que tudo aquilo que eu faço é em cooperação comigo própria,
sem medos, nem imagens do futuro, nem esperanças, nem (des)ilusões - eu sou o
caminho que ando para/por mim própria a cada passo, eu sou o corpo que vive a
cada respiração, eu sou a vida que eu crio a cada momento.
Apercebo-me
que ao "alimentar-me" dos pensamentos eu estou a distrair-me de mim
própria e daquilo que existe à minha volta, ou seja, distraio-me daquilo que é
o meu potencial de recriar quem eu sou e recriar a minha realidade. Quando e
assim que eu me vejo a definir-me pelas relações que eu criei comigo própria e,
consequentemente com os outros, eu páro e respiro. Ao abrandar a mente, eu
permito-me ir ao fundo das relações, perceber a origem da relação, ver o
padrão, escrever o perdão-próprio e auto-ajudar-me a puxar por mim para mudar a
relação comigo própria/com os outros.
Quando e
assim que eu me vejo a pensar nas memórias associadas a uma relação passada, eu
páro e respiro. Eu comprometo-me a não deixar distrair-me com imagens nem com
emoções e comprometo-me a ser "fria" com a mente e a ser directa
comigo própria - o meu objectivo neste processo é limpar a minha mente e
recriar-me como Vida na minha expressão máxima que é o melhor para mim e o
melhor para os outros.
Quando e
assim que eu me vejo a reagir nas minhas relações com o mundo à minha volta, eu
páro e respiro. Sendo que as relações com o mundo à minha volta são um espelho
das relações que eu tenho comigo própria, eu permito-me questionar-me em
honestidade-própria porque é que eu estou a reagir e permito-me ser franca para
ver o padrão da relação (do ego) que eu permiti criar dentro de mim.
Quando e
assim que eu me vejo a entrar na bola de neve dos julgamentos-próprios sobre
aquilo que eu devia ou não devia ter feito, eu páro e respiro. Por experiência
própria eu realizo que as memórias são também uma manipulação que eu permiti em
mim própria e que espelha a relação que eu permiti existir em mim/na minha
vida. Por isso, em vez de "acreditar" na manipulação da mente, eu
páro, respiro, permito-me estar ciente da minha presença aqui e dedico-me a
aplicar as técnicas de escrever o perdão-próprio sobre os julgamentos da mente
e com isso abrir a minha mente "secreta" para me libertar e corrigir
os laços/prisões que só eu criei para mim própria!
Eu
apercebo-me que, por ter matutado sobre estas relações e manipulações, eu
acabei por acreditar que aquilo que se passa na minha mente sou eu. Realizo que
aquilo que se passa na minha mente não é o melhor para mim e portanto é da
minha responsabilidade dar-me direção a cada momento para garantir que o o meu
Desteni é criado por mim com base no senso comum, igualdade e honestidade
própria inerentes à Vida que realmente sou e tudo é.