DIA 197: Desde quando aceitei o papel de sacrificada? Para quê? Por quem?

quarta-feira, abril 10, 2013 0 Comments A+ a-


Esta noite tive um sonho estranho no qual eu estava disposta a sacrificar a minha vida e que eu tinha aceite esse papel de sacrificada, como se isso fosse salvar o resto das pessoas. No entanto, no momento em que supostamente iria suicidar-me pensei "Espera lá, porque é que eu estou a fazer isto? Porque é que estas pessoas aceitam que haja um sacrificado?" E decidi sair e fugir daquele lugar. Apercebi-me que só no momento em que o plano ia para a frente é que vi a gravidade da situação.  Ou seja, tinha aceite tomar uma decisão sem realmente considerar aquilo que eu estava a criar para mim própria. Para além disso, ao escrever sobre o sonho esta manhã vi também que eu pensava que eram os outros que aceitavam haver um sacrificado! Ora, se primeiramente eu não aceitasse ser "a sacrificada" não haveria sequer a aceitação dos outros - portanto, tudo começou no momento em que eu ACEITEI que houvesse um sacrificado e em que eu ACEITEI ser "a" sacrificada, que é baseada na ideia de pensar ser diferente dos outros - mais corajosa e, simultaneamente, merecedora da morte para salvar os outros. WTF!

Ao trazer este ponto para o meu dia-a-dia e para a minha realidade actual, vejo de facto pontos em que eu considero ser capaz de aguentar mais do que os outros - trabalhar mais horas, fazer mais projectos, acarretar mais responsabilidades. Mas será isto uma decisão/direção minha, ou é baseado na ideia que eu me posso dar ao luxo de sacrificar a minha vida? Porquê/quando é que eu aceitei desconsiderar-me desta maneira? Desde quando aceito e permito este suicídio em mim? Este sistema mental é tão bem feito que eu justifico o meu sacrifício com a ideia de que faço-o pelos outros e porque não posso desapontar os outros, quando afinal fui eu quem criou este estilo de vida para mim própria. Por isso o perdão próprio é o perdão sobre aquilo que permitimos e aceitamos em nós próprios, e estas aceitações e permissões estão às vezes tão enraizadas que já não consideramos ser diferentes ou conhecermo-nos de maneira diferente.

E depois foi a fúria, porque me sinto chateada comigo própria por não ter feito as coisas de maneira diferente. E o desapontamento comigo própria por não ter considerado os vários pontos e ter sido honesta comigo própria.

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido pensar em mim como aquela que é capaz de fazer aquilo que mais ninguém quer fazer, o que eu vejo ser baseado no ego de querer a atenção dos outros e um momento de "fama".

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido acreditar/pensar que a minha vida é observada pelos outros e que eu tenho de corresponder às expectativas, embora eu vejo que tais ideias existem em mim porque eu as aceito.

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido pensar que é errado não corresponder às expectativas dos outros, quando afinal a expectativas "dos outros" têm origem na minha própria mente. Por isso,  eu comprometo-me a parar a mente das expectativas e dedicar-me a considerar os vários pontos envolvidos na minha direção e garantir que o faço por mim em plena responsabilidade própria.

Quando e assim que eu me vejo a participar nesta ideia de ser "a sacrificada" porque sempre foi assim e porque saio a pessoas da minha família que também são assim, eu páro e respiro. 

Comprometo-me então a aprender com os outros a não seguir a mesma mentalidade e a não participar na relação de sacrifício na relação com as outras pessoas. Eu realizo que a minha vida é aquilo que eu permito e aceito ser por dentro (pensamentos) e por fora (ações), comigo e com os outros, e que portanto, a minha vida depende daquilo que eu aceito e permitido para mim e para a minha realidade.

Eu comprometo-me a focar-me no meu bem-estar primeiramente, ciente que sou responsável por cuidar de mim a cada momento da minha Vida, passo a passo. Dedico-me também a praticar tomar decisões em senso comum tendo a certeza que não me prejudico de maneira nenhuma e que corrijo padrões de comportamento para me ajudar a estar um e igual com a Vida Aqui, que eu (todos) somos.