DIA 189: "Quem foi ao ar perdeu o lugar"?... Educados a ser rivais e a competir

sexta-feira, março 29, 2013 0 Comments A+ a-


Isto de estar ciente das minha personalidades tem que se lhe diga! Tem sido cada vez mais fácil ver as personalidades surgirem no meu dia-a-dia, como se visualizasse o padrão e percebesse como ele funciona desde o momento em que me torno a personalidade e as consequências na minha realidade. Estar ciente destas personalidades é o primeiro passo para ver a origem, perceber as consequências que ando a criar para mim própria e finalmente mudar para o melhor de mim.

Hoje enfrentei a personalidade da rivalidade numa situação que talvez vos seja familiar: a famosa lenga-lenga do "quem foi ao ar perdeu o lugar". Fomos tão "bem educados" que continuamos a viver essa ideia na vida adulta. No meu exemplo, eu estava num lugar no ginásio durante a primeira parte da aula de dança e, quando saí para beber água no intervalo, uma pessoa tinha ocupado aquele lugar.  No espaço de segundos, perante aquela MUDANÇA eu senti a reação, depois a vergonha e a raiva: a reação de ver o meu lugar ocupado; vergonha ao pensar que as outras pessoas que assistiram à cena estavam a pensar que eu fui "ultrapassada" e portanto sou inferior; e raiva em relação à pessoa que eu pensei ter tido a lata de usar o intervalo para avançar para a linha da frente.
Ao escrever esta situação, vejo que este cenário se repete todos os dias na fila para entrar para o metro: há quase sempre uma fila e, quando o metro abre as portas, há pessoas que tentam avançar e ultrapassar a pessoa da frente. Perante este comportamento social eu manifesto uma sensação de inferioridade em relação à pessoa que avançou sem respeito. Pergunto-me: - Porquê julgar como superiores aqueles que não respeitam os outros? Por outro lado, porque é que eu me deixo afectar quando assisto (ou sou vítima) deste tipo de comportamento? Porque é que não me permito estar estável em mim, naquilo que eu faço, sem ir para o backchat da mente de julgar a outra pessoa como superior ou como imbecil?
Em relação à experiência desta manhã, eu apercebi-me o quão perturbante foi ficar permeável aos pensamentos da mente porque a partir deste episódio estive menos focada, distraída e mais descoordenada. Levei alguns momentos a estabilizar-me com a respiração e a fazer paz com a muDANÇA, ver que havia MAIS lugares e realizar que "ter perdido o lugar" era irrelevante para o meu propósito de DANÇAR, me divertir e de seguir os passos. Escrevo aqui o perdão próprio e as afirmações de auto-correção para prevenir esta reação dentro de mim e esta auto-sabotagem no futuro.

Perdão-Próprio:
Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido sabotar a minha decisão de dançar com o episódio inesperado de ter "perdido AQUELE lugar na sala".
Eu perdoo-me por não me ter aceite e permitido ver que AQUELE lugar é um lugar num espaço que é a sala e que serve apenas o propósito de ter pessoas, sem necessidade de criar uma relação com AQUELE lugar.
Eu perdoo-me por não me ter aceite e permitido estar incondicionalmente estável em vez de absorver as ações dos outros e tomá-las como pessoais. Nisto, eu perdoo-me por me ter aceite e permitido comparar a minha dança com a dança da pessoa que ocupou o meu lugar, o que mostra a competição da mente para manter esta luta dentro da mente contra a outra pessoa.
Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido levar a atitude da outra pessoa como uma ofensa e como uma "guerra aberta" ao ter ocupado o meu lugar. Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido participar em guerras de competição dentro da minha mente e assim estar a criar separação física que na realidade não existe - eu vejo agora que estávamos ambas na mesma sala e que os lugares são criados onde quer que haja um espaço livre.
Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido definir-me pelo lugar onde eu estou em vez de viver a decisão de ser estável e ciente de mim em qualquer lugar e a qualquer momento.
Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido participar na imaginação da mente de falar com a rapariga para sair do meu lugar.
Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido reagir com um "grrrrr" e submissão à vontade da outra pessoa, em vez de decidir dar-me direção-própria, observar um lugar livre e em senso comum criar a minha estabilidade, sem ficar "agarrada" à atitude da outra pessoa. 
Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido pensar imediatamente que a outra pessoa foi ruim e que fez de propósito para aproveitar o intervalo para ser gananciosa. Ao trazer o ponto para mim própria, eu vejo que EU estava  a ser gananciosa sobre aquele lugar e a considerar a hipótese de "ter o lugar de volta" no próximo intervalo.
Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido dançar no lugar novo contrariada e pensar que o outro lugar era melhor porque via o espelho. Nisto eu apercebo-me que as conversas da mente criam mais distração e "estragos" do que o facto de não ver o espelho!
Eu perdoo-me por não me ter aceite e permitido calar a mente e o conflito da mente para me permitir viver a decisão de SIMPLESMENTE estar ali, sem relações com o lugar ou com as pessoas, mas SIMPLESMENTE presente, em mim, física, a dançar!
Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido acreditar que se a outra pessoa tivesse comunicado comigo com um "desculpa" ou ao perguntar se eu queria aquele lugar de volta, então eu não ficaria chateada. Eu apercebo-me que o ponto de não ficar chateada é independente da atitude da outra pessoa. Nisto eu apercebo-me que QUEM EU SOU não é dependente de quem OS OUTROS SÃO.

Afirmações para auto-correção:
Eu comprometo-me a parar a sabotagem da mente quando vejo que estou a ser perturbada por um evento que não estava "agendado". Em vez de reagir, eu ajudo-me a procurar uma solução perante a nova situação e a garantir que me ajudo a estabilizar, em vez de agravar a situação dentro de mim!
Quando e assim que eu me vejo a lutar na mente contra uma pessoa que tenha ocupado o meu lugar, eu páro a mente e respiro. Eu apercebo-me que a luta da mente é uma luta comigo própria e que não é isto que eu quero para mim.
Quando e assim que eu me vejo a julgar-me como fraca porque eu não reajo com a outra pessoa, eu páro e respiro. Eu comprometo-me a ver as coisas e agir em senso comum - se vir que é relevante falar com a outra pessoa eu falo, se não eu permito-me viver a decisão de não falar e de parar qualquer conversa na mente.
Quando e assim que eu me vejo a julgar a outra pessoa como "má", "ruim", "estúpida", "gananciosa", superior" (curiosamente associamos a ganância à ideia de superioridade), eu páro e respiro. Eu apercebo-me que na minha Vida sou eu quem decido quem eu quero ser a cada momento. Nisto, eu comprometo-me a não ser influenciada pela maneira como as pessoas à minha volta são - porque eu só somente responsável por quem eu sou e, portanto, não me permitirei fazer aos outros aquilo que não quero que seja feito a mim.
Eu comprometo-me a ser SEMPRE o exemplo para mim própria e portanto não me permitir estar instável ou reagir mesmo quando esteja perante uma situação de competição. Aliás, eu apercebo-me que só existe uma situação de competição se eu permitir viver em competição. Realizo que a competição começa em mim e que existe primeiro em mim e que, ao permitir existir competição em mim, vou acabar por projectá-la na minha realidade/nos outros.
Comprometo-me a estar ciente dos pensamentos de competição na minha mente e a parar esta PERSONALIDADE competitiva e de rivalidade que eu crio e participo na minha mente sem qualquer benefício para mim nem para a realidade à minha volta.
Comprometo-me a parar de ver as outras pessoas como minha rivais como se esta vida fosse um jogo de soma nula - eu apercebo-me que há lugar para todos se todos criarmos lugar para todos. Eu apercebo-me que ao criar a minha estabilidade e ao adaptar-me a dançar no meu novo lugar, eu fui o exemplo para mim própria. Comprometo-me então a ver sempre o senso comum da situação e em viver uma solução prática para mim e que seja também o melhor para nós todos em cada momento.
Quando e assim que eu me vejo a ser inflexível comigo própria (que é uma forma de amuo!) ao estar a julgar o novo lugar como prior que o anterior, eu páro este julgamento da mente e respiro... E continuo a dançar no/com o meu corpo físico.
Quando e assim que eu me vejo a culpar a outra pessoa pela minha instabilidade, eu páro e respiro.
Eu apercebo-me que culpar a outra pessoa é a "easy way" e que desejar que a outra pessoa resolva o assunto é uma ilusão da mente. Vejo que a única maneira de garantir que resolvo a minha instabilidade é ao tomar responsabilidade por mim e criar soluções para mim nesta realidade física 

Quando e assim que eu me vejo a desejar que a outra pessoa seja simpática comigo para eu ser simpática com ela, eu páro e respiro. Eu apercebo-me que esta ideia de ser simpática é a ideia de agradar a outra pessoa, em vez de perceber que eu sou simpática com a outra pessoa no sentido de respeitar a outra pessoa e de comunicar sem reações.
Eu apercebo-me que a instabilidade da mente é uma mentira porque QUEM EU SOU ESTÁVEL COMO VIDA é incondicional e portanto a minha estabilidade como Vida não está dependente do "desculpa" da outra pessoa, ou de um sorriso. Eu comprometo-me a não me permitir estar à mercê nem da minha mente nem da mente/atitude dos outros.

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