Dia 147: Não faz sentido culpar o outro pela reação que só eu criei em mim
O movimento
energético da reação dura os minutos em que eu me permito acreditar que a mente
tem razão. Durante esses minutos, os meus olhos não vêem mais nada senão culpa
e uma maneira de punir o outro, de me zangar com o outro, de fazer o outro
sentir-se culpado.
Tornar-me
ciente deste processo da mente é assustador e ao mesmo tempo reconfortante
porque apesar de ver a brutalidade da minha mente, sou agora capaz de me parar
e parar de alimentar este massacre dentro de mim. Passado algum tempo, após
esta tentativa de reação, a pessoa com quem eu estava supostamente enervada
apareceu na sala e foi como se me lembrasse que eu devia estar zangada com ele!
Não - a única coisa que eu estou interessada em fazer é em resolver os meus
próprios problemas da minha mente e parar de agravar a realidade à minha volta.
Será que hei-de falar? Talvez, mas não com o
intuito de culpar o outro - a questão é como é que eu lido em senso comum e
garanto que participo na solução. Neste caso, não o posso culpar pela reação
que eu criei em mim mas posso chamar a atenção do outro para a situação que não
me agradou e juntos vermos o que é que temos de mudar para que respeitemos as
coisas um do outro.
Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido participar no impulso da reação e me imaginar a
zangar com o outro e a gritar com o outro, sem ver que esta projeção da mente é
um indicador da raiva que eu permito existir em mim.
Eu perdoo-me
por não me ter aceite e permitido ver que afinal eu estava era zangada comigo
por não ter evitado que o meu material se estragasse - eu perdoo-me por me ter
aceite e permitido pensar que o outro é descuidado com as minhas coisas, quando
afinal fui eu que me descuidei em deixar o meu material "abandonado"
na sala. Apercebo-me que esta ideia que o outro é descuidado com as minhas
coisas tem a ver com a minha própria experiência em que não trato as coisas dos
outros com igual estima. Aproveito este momento para me alinhar com este ponto
e tornar-me ciente de quando esta separação ocorre de modo a realizar que é
irrelevante saber de quem é que as coisas pertencem para as estimar
incondicionalmente.
Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido zangar-me comigo própria e participar na sensação
de arrependimento por ter deixado o meu material na sala. Neste momento vejo
que a sensação de arrependimento de nada adianta pois não me estou a ajudar a
encontrar uma solução prática.
Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido ter medo de comunicar com o outro aquilo que se
passou porque tenho medo que o outro fique zangado comigo e pense que eu o
estou a culpar. Também aqui vejo que trata-se da minha projecção de como eu
quero que o outro se sinta. No entanto, eu apercebo-me que só o outro se pode
ou não permitir sentir-se culpado, logo, é da minha responsabilidade falar do
assunto em senso comum, sem reagir nem querer "ganhar" o argumento.
Apercebo-me que a única solução para ambos é comunicarmos o que se passou com
vista a evitar que o material se estrague outra vez.
Quando e
assim que eu me vejo a imaginar a conversar com o outro e a imaginar que o
outro reage àquilo que eu digo, eu páro e respiro. Eu apercebo-me que dentro da
minha mente eu só vejo a minha mente e, ao ver que a minha mente "funciona
à base" de reações, eu páro e respiro.
Quando e
assim que eu me vejo a imaginar-me a reagir com o outro, eu páro e respiro. Em
vez disso, eu comprometo-me a falar pausadamente, a falar dos factos sem entrar
em qualquer movimento emocional de vítima nem de defesa. Eu permito-me estar um
e igual com o outro e ver que é da minha responsabilidade comunicar com o outro
aquilo que se passou para que ambos possamos evitar que as coisas se estraguem
e ambos ajudemos a que a nossa realidade cá em casa seja eficaz e o melhor para
todos.
Quando e
assim que eu me vejo a participar na energia do arrependimento por não ter
agido mais cedo e tirado o material da sala, eu páro e respiro. Eu apercebo-me
que a solução não está no passado, porque é só a partir daqui e agora que eu
posso mudar o futuro. Logo, eu comprometo-me a ser proactiva comigo própria em
encontrar soluções práticas e ajo por mim em senso comum - por exemplo,
comunico com os outros aquilo que se pode evitar da próxima vez e procuro um
local mais estável para o meu material.
Ilustração: Fear of Anger and Aggression – An Artists Journey To Life: Day 156 | by Andrew Gable http://bit.ly/QYdbw7