DIA 143: O medo de não ser pontual

segunda-feira, dezembro 03, 2012 0 Comments A+ a-



Esta sempre foi uma luta. Perguntava-me e ainda me pergunto: como é que eles conseguem? Como é que as minhas amigas conseguem chegar a horas? E ainda por cima antes da hora!

Esta luta interna durou até há bem pouco tempo. Abri este ponto durante o fim de semana entre conversas, escrita, choro e entendimento... E o ponto esteve sempre aqui, mesmo à minha frente, em cada passo, em cada pensamento, em cada plano do dia seguinte, em cada memória e stress de ser sempre a última a chegar à sala de aula.

Até agora parava na culpa dos pais - "chego atrasada porque não m levam a tempo". Ao viver sozinha, continuei a chegar tarde: A tendência de me imaginar a não acordar a horas - a imagem de acordar, olhar para o relógio e ser a hora de estar a chegar ao trabalho! Que pesadelo de cada dia... Mas já não havia des-culpa. Culpar o passado não ajuda no presente. Vivo o padrão em carne e osso e o stress é real. A insegurança de não chegar a horas, de imaginar imprevistos como se o mundo inteiro estivesse contra a minha capacidade de chegar a horas. Imagino até o cúmulo de chegar antes da hora e, por alguma contra-tempo, acabo por ficar pelo caminho! E assim aceitei a ideia de "não sou pontual; a pontualidade não é para mim." Cheguei ao ponto de deixar de usar relógio, por pensar que nem o tempo me controlava, como se pensar ser livre me fizesse menos escrava. O pior cego é aquele que não quer ver... Escrava da memória de chegar tarde aos sítios, da imagem do stress de fazer tudo a correr, do medo de reviver essa frustração, da vergonha de não cumprir a minha palavra, da resistência em não conseguir fazer aquilo que eu planeei!

A dimensão do medo:
O medo de reviver a imagem de olhar para o relógio e estar a sair à hora que eu combinei estar no sítio combinado.

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido criar na minha mente a ideia de que vou acordar em cima da hora na manhã seguinte e participar na ansiedade como se aceitásse que vou criar uma realidade contra mim própria.
Eu perdoo-me por não me ter aceite e permitido tomar a decisão de mudar a imagem que eu criei de mim própria em relação às horas e, assim, recriar esta relação parar ser uma relação de cooperação.
Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido castigar-me com a ideia que vou chegar tarde porque me deitei tarde, e assim permitir que a minha manhã seja definida pela minha noite, em vez de me dar direção a cada momento da minha respiração/que estou aqui.

Quando e assim que eu me vejo a pensar que se me deitar mais tarde do que a hora que sou suposta ir para a cama é sinal que tenho uma desculpa para me atrasar de manhã, eu páro e respiro. Apercebo-me que estou a criar justificações para uma situação que não existe mas que estou deliberadamente e aceitar criá-la para mim. Vejo que estou deliberadamente a criar o contrário daquilo que realmente quero fazer, porque não estou a fazer aquilo que é o melhor para mim.
Quando e assim que eu me vejo a participar no stress da imagem de mim a fazer tudo à pressa de manhã, eu páro e respiro. Em vez disso, eu permito-me planear a manhã da melhor maneira e com soluções práticas, por exemplo, escolher a roupa do dia anterior, arrumar o quarto de modo a ter o caminho desempedido de manhã, ter as coisas à mão para o dia seguinte, por exemplo.
Quando e assim que eu me vejo a imaginar que o meu telemóvel tenha uma falha e não toque o alarme, eu páro e respiro. Em vez de arquitectar justificações para me atrasar, eu posso simplesmente ter um segundo despertador e comprometo-me a viver a decisão de acordar com qualquer um dos dois despertadores. Quando e assim que eu me vejo a pensar que vou esperar pelo segundo toque, eu páro e respiro. Eu apercebo-me que é aqui que reside a "porta aberta da mente" em que afinal tenho permitido a hipótese de não acordar com o primeiro despertador!
Eu comprometo-me a tomar a decisão de acordar à hora x e de realmente me levantar à hora x, sem me permitir arranjar desculpas para não o fazer, como por exemplo a ideia que me deitei mais tarde do que era suposto. Eu apercebo-me que sou responsável por parar o padrão da justificação da mente, e simplesmente fazer as coisas em senso comum - eu comprometo-me a acordar com tempo suficiente para tomar conta de mim de manhã, passo a passo, a cada respiração.


A continuar...