DIA 177: Sobre o desejo de beber

sábado, fevereiro 16, 2013 0 Comments A+ a-




Eu perdoo-me por não me ter aceite e permitido ver que beber álcool não tem a ver com ser certo ou errado, mas tem a ver com o facto do efeito do álcool na mente e no corpo humano suprimir a essência da vida e limitar a minha expansão.

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido acreditar que beber é normal só porque a maioria das pessoas que eu conheço bebe - apercebo-me que esta é uma influência do ambiente/cultura em que eu nasci mas que fui eu quem me permitir ser influenciada por isso.

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido ter medo de fazer as coisas diferentes daquilo que é supostamente a norma no ambiente à minha volta, em vez de decidir por mim aquilo que é o melhor para mim e aquilo que não é o melhor para mim.

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido acreditar que ficar bezana me faz sentir mais do que quem eu sou sem o efeito de álcool.
Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido acreditar que a extroversão da minha mente sob o efeito de álcool é real.
Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido anular a minha direção sob o efeito de álcool no meu corpo em demasia, sem ver que quanto mais eu bebo mais eu amplifico a mente e suprimo o meu Ser.

Eu perdoo-me por não me ter aceite e permitido ver e perceber os interesses que existem por trás da publicidade para se consumir álcool, porque isso desempodera as pessoas, separa-nos da nossa vontade própria e nos mantém entretidas nos altos e baixos da mente.
Eu perdoo-me por não me ter aceite e permitido ver que o  álcool cria sistemas nos seres humanos e que estes sistemas não representam a Vida que realmente somos.

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido acreditar que eu era honesta na minha conversa com os outros quando estava bezana, em vez de ver que não estava a ser honesta comigo própria (com a Vida que eu Sou).

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido desejar tirar as preocupações de cima de mim com a ajuda de álcool e acreditar que magicamente isso fosse resolver as minhas preocupações.
Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido manipular as minhas memórias de modo a pensar que tudo era tranquilo nos momentos de embriaguez, quando afinal estas memórias escondem momentos de agonia, de confusão, de má disposição matinal e de impotência motora.
Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido acreditar e até desejar que o álcool me trouxesse "a luz" para os meus problemas, sem ver que com isto eu estava a suprimir-me ainda mais e a não me permitir ver e ser a solução real e a longo prazo para os meus problemas.

Eu apercebo-me que a instabilidade que o excesso de álcool ou qualquer traço de álcool me dá não é o melhor para mim. Visto que aquilo que eu quero é empenhar-me em auto-ajudar-me a resolver os meus problemas da minha mente, o efeito supressivo e superficial do álcool não me ajuda de todo no meu processo, antes pelo contrário, o álcool alimenta os padrões da mente.
Quando e assim que eu me vejo a lembrar os momentos de diversão e festa em que eu estava sob o efeito de álcool, eu páro as imagens e respiro. Estou ciente que qualquer ideia, imagem ou associação que surgem da mente são feitas de energia que manipula a minha presença no momento presente. Por isso, comprometo-me a respirar, a permitir-me estar estável no presente e a desvendar os padrões que existem em mim e que a mente me está a mostrar.
Comprometo-me então a escrever sobre os padrões de comportamento e pensamento que visualizo na mente e dedico-me a fazer as pazes comigo própria através do perdão próprio e a restabelecer a minha relação comigo própria.

Eu comprometo-me a restabelecer a minha confiança na decisão de não adoptar influências nem personalidades que não são o melhor para mim. Quando e assim que eu me vejo a pensar que eu ou os outros somos superiores sob o efeito de álcool, eu páro a mente e respiro. Apercebo-me que qualquer julgamento da mente não é real e que é uma distração para não ver a igualdade e unidade entre todos nós.

Ao mesmo tempo, comprometo-me a viver a decisão definitiva de não usar o álcool com o intuito de ficar bêbeda. Em vez disso, quando e assim que eu me vejo a pensar na possibilidade de beber, eu páro, respiro e ajudo-me a ver o que está por trás deste desejo e ajudo-me a ver como é que eu posso mudar o meu dia-a-dia para não criar desejos separados de mim.

Por exemplo no emprego, eu comprometo-me a ter calma comigo própria e a não criar pressão no meu dia-a-dia. Para isso, ajudo-me a planear as várias tarefas realisticamente e a ser honesta com o tempo que as coisas levam a fazer. Em vez de querer parecer aos olhos dos outros mais organizada do que aquilo que eu estou a ser, eu dedico-me a ver a pressão que EU estou a criar para mim própria. Nisto, quando vejo que a mente está a ir demasiado depressa, eu ajudo-me manter o plano e a ser consistente na minha organização e a comunicar aos outros quando não irei conseguir cumprir o plano.

Eu comprometo-me a investigar as supressões sexuais que se manifestaram da última vez que bebi, em vez de levar a peito quaisquer desses desejos e imagens da mente. Por exemplo na minha relação com os homens, eu dedico-me a investigar os desejos de uma imagem de perfeição física ou os desejos de afecto. 
Apercebo-me que passei a ver o afecto/conforto como algo que me é dado por alguém (um homem) em vez de me dar afecto e criar o meu conforto e confiança em mim incondicionalmente, sozinha ou acompanhada. Por isso, eu comprometo-me a ver as situações eu não me estou a dar afecto e, nos momentos em que surge o desejo de ter alguém a dar-me esse afecto, eu páro esta separação e respiro. Dedico-me então a cooperar comigo própria, a ter paciência comigo  e a dedicar tempo para as minhas coisas que requerem a minha atenção/afecto e dedico-me a cuidar do meu corpo.

Apercebo-me que se trata de aplicar o princípio de auto-compaixão: Dar-me a mim própria o relaxamento que desejo que os outros (ou o álcool) me dêem.