DIA 244: Nada a esconder

sábado, agosto 03, 2013 0 Comments A+ a-


Quando há alguma coisa que eu hesito em partilhar ou até mesmo a pensar nisso, é um indicador que estou a esconder algo de mim própria. Vejo que há determinadas coisas que não são faladas abertamente porque de alguma forma, durante o nosso crescimento e educação, fomos "ensinados" a não falar disso, ou simplesmente nunca considerámos perguntar-nos de onde é que vem a nossa própria limitação. Obviamente, há certas coisas ou problemas que não adiantam partilhar com os outros porque primeiramente tem de haver um entendimento sobre si próprio e, no final de contas, cada um só se pode ajudar a si mesmo.

Dei por mim recentemente a preencher um formulário da junta de freguesia local (aqui em Londres é o Council) e tive a memória de um amigo meu a ter resistência em partilhar este tipo de informação. Ele tinha as razões (justificações) dele. Perguntei-me então quais seriam as razões para eu não ser transparente e verdadeira nos meus dados pessoais e porque razão haveria eu querer esconder-me de mim própria, visto que se trata dos meus direitos como residente ter uma voz nas decisões locais. Curiosamente, apercebi-me que ao exigir transparência de mim própria então não há qualquer reacção quando os outros (neste caso o Council) exige transparência de mim. Naquele momento de reflexão, apercebi-me que uma das razões pela qual não se quer desvendar os detalhes pessoais é o medo de se ser perseguido por alguma conta que não tenha sido paga, por exemplo. Ou seja, voltamos à questão do dinheiro que nos mantém separados uns dos outros, no entanto, ao ver que eu própria estava a criar esta ansiedade em mim, tomei esta oportunidade para reformular os meus pagamentos, garantir que estava tudo em ordem e tomar responsabilidade pelas minhas obrigações como cidadã.

Depois de ter resolvido este ponto/medo em mim, comecei então a ver que outros temas ou assunto ainda são tabus em mim e sobre os quais eu evito ainda escrever e que eu projecto no meu futuro. A minha mente mostra-me então o medo de ser notícia de jornal e de estar numa posição de ataque pelos media,o que ultimamente é o medo de ser excluída e gozada. De onde é que vem este medo? Este medo foi criado em mim muito provavelmente pela influência dos próprios telejornais e da maneira como as pessoas se permitem tratar e remexer nas vidas das pessoas para criar histórias em nome dos ratings de audiências. Também vejo a ideia de querer ser parte do grupo da escola para me sentir "protegida" dos "outros". Mas acima de tudo, este medo da mente tocou no ponto de eu garantir que me conheço a 100% e que estou estável em mim em relação a tudo aquilo que eu sou, sem nenhuma agenda de medo ou de vergonha de mim própria, ou uma imagem que não seja a minha honestidade própria e o meu próprio exemplo. Assim, independentemente do brainwashing que possa haver, eu mantenho-me estável incondicionalmente, porque não há razão e não há tempo a perder com os medos, paranóias e julgamentos da mente. Ao ser honesta comigo própria eu garanto que sou honesta com os outros e naquilo que eu faço.


Quando se entra no rodopio da mente, há duas hipóteses: ou se mantém a desonestidade própria e "vive-se" na paranóia da mente até à morte (o que não é recomendado) ou se começa o processo de honestidade-própria, responsabilidade própria e de correção. Quando eu me refiro à correção, esta é essencialmente pararmos os pensamentos que temos de nós próprios, as conversas mentais que permitimos ter, os ressentimentos, os arrependimentos, as ideias e os medos que condicionam e limitam a nossa ação. Conhecermo-nos a nós próprios sem nada a esconder de nós mesmos é a única maneira de mudarmos aquilo que aceitamos ser e assim recriarmos o nosso presente e futuro, de modo a não repetirmos os padrões manifestados no passado. O Perdão-Próprio é sem dúvida das melhores coisas que podemos dar a nós mesmos, neste processo de auto-conhecimento e mudança para uma melhor versão de nós mesmos e da nossa própria Vida.